REFLEXÃO SOBRE A VIDA RELIGIOSA.


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In nomine Domini!

Paz e Bem!

Prezados Irmãos e Irmãs

Consagrados do Senhor Jesus.


Peço que não levem em conta se tenho em mim a graça de tal virtude, mas considerem a grandiosidade do tema e o empenho em conhecer a Vontade do Senhor!

Um dia fomos chamados...

Cada um foi chamado, a resposta é particular para o bem comum...

A Vida Religiosa, compreendida por tantos santos, homens e mulheres que nos são exemplo, não é um mero acordo entre as coisas celestes e as terrestres, ela é uma revolução! É um novo impulso, é um contínuo lançar-se, sempre mais a essa busca. São Francisco de Assis, no início de sua conversão, após restaurar a Igrejinha de São Damião ouviu do Senhor: “Não basta!” Santa Clara de Assis, Santa Teresinha de Lisieux e tantas outras santas se lançaram em resposta desse não basta com a exclamação: “Atraí-nos e correremos!” (Ct 1, 4). Suas vidas foram correr ao encontro dAquele que as atraiu! Em suma, confiaram-se no: “Vós me seduzistes, Senhor, e eu me deixei seduzir!” (Jr 20, 7).

Neste dia em que rememoramos a Assunção de Maria Santíssima, e que é o Domingo dedicado a nós Religiosos, Religiosos de Jubileu ou de meses de Profissão, quero compartilhar uma pequena reflexão sobre o nosso estado de vida.

Para abraçar tal estado de vida, um ingrediente parece ser essencial, uma vez que Ser Consagrado, é ter amor sem medida pela beleza divina! Vamos refletir sobre a virtude do Temor de Deus !”.

“Onde há o temor do Senhor guardando a casa, aí o inimigo não acha jeito de entrar”.(Adm 27,5). “Temor não como medo de Deus ou do inferno, mas sim um Temor reverencial e filial a Deus” (CTAM 1335ª). O Temor do Senhor é o princípio da Sabedoria! (Cf. Sl 111,10). “O Santo Temor de Deus ordena, rege, governa e prepara a alma para a graça; é o Santo Temor que conserva e leva a conquistar as virtudes” (Deg 4) .

É o Santo Temor que leva a viver na ótica “ Instaurare omnia in Cristo” (São Pio X). O santo temor dá vida ao “Fiat voluntas tua!” (Lc 1,38). É o Santo Temor que nos põe a caminho do “a Ele nós sirvamos sem temor!” (Lc 1,74b). O Santo Temor nos dá consciência da constante presença do Senhor entre nós! “Por isso devemos evocar seu santo nome com respeito!” (Catecismo da Igreja Católica 2217b) . Leonhard Lehmamm, nos lembra que se fizermos a genuflexão no tempo de um “nós Vos adoramos...” reforçaremos a consciência da constante presença do Senhor.

A Santa Igreja nos propõe com a Liturgia das horas um manter-se constantemente vigilante no Temor de Deus. São sete as horas, cada uma com sua mística, a saber: Ofício das Leituras: “Já o profeta aconselhava buscar de noite o Deus da luz. Deixando o nosso sono, vimos e busca de Jesus”. E “Profética voz nos chamou. Recorda esta hora o terror de quando na terra do Egito um anjo matou primogênitos”. Completa-se com a frase do Salmo 3: “Deitei a dormir e levantei-me de novo” (Sl 3,6).

As Laudes nos motivam a viver a alegria de um novo dia: “Nova força também nos desperta e nos une num só coração”. E “Do alto Deus vê nossos atos constantemente, solícito nos segue da aurora ao sol poente”. Na Terça diz: “Vinde Espírito de Deus com o Filho e com o Pai, inundai a nossa mente, nossa vida iluminai”. Na Sexta se diz: “O louvor de Deus cantemos com fervor no coração”. Na Noa: “Vós que sois o Imutável, Deus fiel Senhor da história, nasce e morre a luz do dia revelando a Vossa glória”. E “Seja a tarde luminosa numa vida permanente”. Nas Vésperas: “Ouvi-nos Pai piedoso, e Vós Imagem do Pai”.E nas Completas: “Agora que o clarão da luz se apaga, a Vós nós imploramos Criador...” Encerra com o Cântico de Simeão: “Deixai agora vosso servo ir em paz.. “.Nos leva ao “sepulcro”, silêncio. Em todo o seu percurso nos deixou a mensagem: Devemos enxergar Àquele que nunca passa!

E me escreveu uma Clarissa, Irmã Maria José: “O tempo passa rápido e a eternidade se aproxima, cada momento deve ser vivido como se fosse o último, e sempre recomeçar para o presente ser vivido na presença de Deus, é preciso uma constante ascese!”

O Santo Temor nos leva a uma consciência viva da Grandeza de Deus. “Sou atrevido em falar ao meu Senhor, eu que sou pó e cinzas” (Gn 18,27). Dizia Santa Teresinha do Menino Jesus: “a melhor preparação para a entrega ao Senhor é Conhecer-se pequeno ante a Sua grandeza !” E São Francisco de Assis no auge de sua contemplação dizia: “Quem sois Vós e quem sou eu? Vós o Altíssimo, eu humilde vermezinho!” Moisés diante da sarça ardente ouve: “Não te aproximes! Tira as sandálias pois este lugar é sagrado!” (Ex 3, 5). Então Moisés cobriu o rosto, pois temia olhar paras Deus ( Ex 3, 6b). Dizia Gedeão: “Pobre de mim, Senhor Deus! Eu vi o anjo do Senhor face a face ( Jz 6, 22).

O Santo Temor é o dom que nos leva a esperar no poder do auxílio de Deus (CTAM 1336). Leva a dizer: “Sem dúvida o Senhor está neste lugar e eu não sabia” (Gn 28, 16). E “Como é terrível este lugar! Isto só pode ser a casa de Deus e a porta do céu” (Gn 28, 17). Despertará em nós a entrega e diremos: “Deus é quem sabe!” (Jó 28, 22ª), pois, “a Palavra nem chegou à minha língua, e Tu, já a conheces, me envolves por trás e por frente, e pões sobre mim tuas mãos. Aonde fugirei da Tua presença?” (Sl 139).

O Senhor nos responderá: “Ouvi o que disseram, bom seria se tivessem sempre esta disposição em observar meus mandamentos” (Dt 5, 28b. 29). E: “Quem teme o Senhor não desobedecerá A Sua Palavra” (Eclo 2, 16-17).

O Santo Temor leva a ter horror do pecado ou qualquer ofensa a Deus. Dizia a Beata Maria Crucifixa, Clarissa: “Devemos ter aversão ao pecado, mesmo o venial, a alma não deve manchar-se nem mesmo em leves transgressões, inobservâncias, omissões”.O Espírito Santo Admoesta: “Foge do pecado como de uma serpente” (Eclo 21, 2). E “Afasta-te do mal” (Sl 36, 27)

O Santo Temor aperfeiçoa a temperança e a esperança. Na Temperança deixamos os falsos prazeres que nos podiam afastar de Deus. E na Esperança tememos desagradar e ser separados Dele (CTAM 1336c).

No livro O Pensamento Franciscano , de Frei Constantino Koser, encontramos: “Para Francisco, o pecado era o inimigo de seu Senhor. Ele se armava convenientemente de penitência e coragem, pois, não queria apresentar-se ao seu Senhor com distintivos do inimigo”.

Santa Catarina de Bolonha , Clarissa, nos indica Armas para combater esse inimigo, a saber:

• Diligência;

• Desconfiança de si mesmo, como dizia São Filipe Néri: “Sou capaz das mais terríveis coisas”;

• Confiança em Deus;

• Lembrança da Paixão;

• Pensamento de sua própria morte;

• Recordação da Glória de Deus;

• A autoridade da Sagrada Escritura. (Sete armas espirituais).

E nos confiamos ao Senhor: “Sonda-me ó Deus e conhece o meu coração! Vê se estou no caminho funesto, e conduze-me pelo caminho duradouro”.(Sl 139, 23ª. 24). E o Senhor na sua infinita Misericórdia nos dirá: “Agora que isto tocou os teus lábios, foi removida a tua culpa e perdoado o teu pecado” (Is 6, 7). E: “Eis que ponho as minhas Palavras em tua boca” (Jr 1, 9). E por todo o sempre teremos a certeza do que Deus nos disse: “Eu sou o escudo que te protege” (Gn 15, 16). E: “Estou contigo e não te abandonarei” (Gn 28, 15ª).

“Quando crescerem, os filhos continuarão a obedecer seus pais. Antecipar-se-ão aos desejos deles, solicitarão de bom grado seus conselhos e aceitarão suas justas admoestações. Esse é o dom do Temor de Deus” (Catecismo da Igreja Católica 2217b).

E para concluir, rezava a Beata Maria Madalena Martinengo, Clarissa à Virgem Imaculada, modelo de Temor de Deus: “Virgem puríssima imaculada, desejo receber uma graça de vós, que é a de ser, daqui por diante, um (a) discípulo (a) fiel do vosso Filho divino, tendo os meus olhos fixos Nele e nunca mais me esquecer de sua divina presença. Mãe santíssima, vós que desde o primeiro instante de vossa concepção até à vossa feliz passagem para o céu, nenhum momento vos esquecestes Dele, dai-me essa graça que, de agora em diante, até a minha morte, não me esqueça mais Dele. Amém”.
Por tuas graças Senhor, queremos bendizer, tornai-nos puros fortes e alegres até o festim dos Eleitos.

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