A Filosofia e a Sociologia no Ensino Médio

Ao se pensar em educação para os tempos atuais percebe-se que existem necessidades que cada vez mais ultrapassam os limites dos meandros e enfoques tidos como “tradicionais” e engessados de “intelectualismos” academicistas, hoje se busca elevar o humano à condição de humano que se conhece e a partir disso desenvolve todas as suas possibilidades.
A elaboração do currículo deve ser atenta às necessidades atuais gritantes em cada comunidade escolar, assim sendo, o fato de abordar em sua ementa a realidade a qual está inserida, deve muito mais primar pelo desenvolvimento humano, uma vez que o meio tecnológico avança rumo a uma “desumanização” ou a uma banalização da figura humana em meio às compreensões cada vez mais massificantes de atitudes coisificadas, onde vale o objeto, o alcance e não o saber fazer.
Ultrapassando o limite de um enfoque apenas profissionalizante e com tom de final, o MEC no Brasil, entendeu que o aluno de Ensino Médio deve ser “despertado” a reelaborar a si próprio em vontades (metafísica) , em ideais (objetivação e subjetivação) para uma existência melhor e mais consciente em relação a direitos e deveres a serem exigidos e cumpridos.
Segundo o PCN em relação à Filosofia que:
(...) tem o objetivo de estimular a investigação dos fatos, elaborando conclusões que criem alternativas, ou seja, soluções significativas para uma comunidade, levando a uma reconstrução, a um grau de formação cultural. Nesse Sentido é fundamental rever a prática de ensino, uma vez que a filosofia não é apenas uma disciplina ela dá alicerce para um pensamento reflexivo de qualidade capaz de implicar mudanças em um meio. Tal capacidade deve ser desenvolvida em sala, mostrando o quanto, uma reflexão bem elaborada, tanto escrita como externada pode ajudar a resolver problemas ditos como impossíveis, ajudando a encontrar um equilíbrio entre os princípios individuais e os sociais (PCN, 2009, Disponível em http://pt.shvoong.com/social-sciences/497849-filosofia-ensino-m%C3%A9dio-segundo-pcn/ Acesso 26 Mar 2010, grifo nosso).

A filosofia deve ter então a missão de tornar a vida mais consciente e ativa, assim segundo Popper “o futuro depende de nós mesmos, e nós não dependemos de qualquer necessidade histórica”, isto é, o tornar-se/ assumir-se águia se dá no “abrir-se” às motivações advindas de fora como provocação, nos moldes socráticos – com a pergunta; desenvolvida por Heidegger numa explicação sobre o tornar-se existente somente a partir do “chamamento”, ou seja, o ato de expressão é o Dasein se desvelando em cada questionamento que a vida proporciona tornado assim, o homem como determinante e não vivente a partir do determinado. Sendo essa a intenção de melhorar/trabalhar os alunos de Ensino Médio com o exercício do filosofar.
A filosofia em suas indagações e reflexões levanta a problematização e deixa para que o ser ético de cada um apresente a resolução/solução. Há nisso um chamamento ao olhar-se, entender-se (do conhece-te a ti mesmo de Sócrates).
A proposição sociológica levanta a problematização referente a todos os olhares nas relações sociais e sugere soluções, por exemplo, em relação à criminalidade, enquanto a filosofia deixaria para que a decisão, o sentimento ético agisse no causador a sociologia encaminharia para o julgamento, a prisão onde seria pago pelo delito cometido.
(...) a contribuição da sociologia no que tange à “compreensão das práticas sociais”, à “preparação básica para o trabalho” e ao “exercício da cidadania” ou, ainda, para o desenvolvimento de uma estética da sensibilidade, uma política da igualdade e uma ética da identidade. Exatamente devido a essa compreensão, a LDB, em seu artigo 36, estabelece que “ao final do ensino médio o educando demonstre (...) domínio dos conhecimentos de filosofia e sociologia necessários ao exercício da cidadania”; também a resolução nº 3/98, em seu artigo 10, inciso i, parágrafo 2º, diz que “as propostas pedagógicas das escolas deverão assegurar tratamento interdisciplinar e contextualizado para (...) conhecimentos de filosofia e sociologia necessários ao exercício da cidadania”; por fim, podemos acrescentar, os PCNs (Ensino Médio, volume 4, na página 11) orientam que “o objetivo foi afirmar que conhecimentos dessas (...) disciplinas são indispensáveis à formação básica do cidadão, seja no que diz respeito aos principais conceitos e métodos com que operam, seja no que diz respeito a situações concretas do cotidiano social”(PCN, Disponível em http://www.espacoacademico.com.br/005/05sofia.htm Acesso 25 Mar 2010, grifo nosso).
O papel do professor das disciplinas de Filosofia e Sociologia é entender a proposta que ambas apresentam e compartilhar, compartilhar ultrapassando a limitação do ensinar, porque aqui ensinar não é a intenção primeira, aqui a intenção é despertar maieuticamente o que há de intrínseco no ser de cada um, visando uma melhor interação sociorelacional entre humanos humanizados pelo conhecimento de si mesmo a partir da leitura e num segundo momento com a expressão da abertura, do entendido, assimilado e assumido modo de ser e ver o outro em sua forma singular de ser e coexistir.

Comentários

Postagens mais visitadas